Crônica: Lei antifumo por José Vicente

Crônica: José Vicente

O nosso colunista de cinema, discorre contra a lei anti-fumo(isso apesar dele não ser um tabagista!)

Finalmente a lei antifumo entra em vigor. 

O que é um alívio. Afinal de contas, os vilões, aqueles que caminham entre nós munidos de cigarros, cigarrilhas, cachimbos e afins, irão desaparecer de nosso cotidiano. 

O mundo fica mais colorido, os dias mais vivos e nossa saúde isenta. 

É claro, a poluição permanece, mas isso não tem muita importância. 

Com o fim dos fumantes, podemos respirar tranqüilos sabendo que nosso sistema de ensino (entregue às traças) estará a salvo, que os motoristas alcoolizados estarão mais conscientes, que o tráfico de drogas há de desaparecer, que o acúmulo de lixo (onde certamente 99% provém de bitucas e palitos de fósforo) estará solucionado, que a miséria será resolvida, pois os pobres gastavam muito dinheiro em maços de cigarro e a violência, obviamente, terá seu fim. 

Afinal, a maioria dos assaltos, seqüestros, assassinatos e estupros ocorrem contra os fumantes.  

Quase me esqueci da prostituição infantil, mas uma hora ou outra a vida sexual destas crianças iria aflorar naturalmente. 

 Por que não ganhar dinheiro com isso? O disque-denúncia contra fumantes dá, a todos os cidadãos, o direito de uma verdadeira sensação de poder sobre outros. 

O que é ótimo. Afinal, estes outros são fumantes. 

E podem estes fumantes ter a ousadia de se considerar seres-humanos? 

Seria interessante um serviço que incluísse um disque-denúncia contra homossexuais, portadores de HIV, portadores de deficiência, imigrantes e maus alunos.  

Talvez um até contra judeus, por quê não?  

Eliminar todos estes elementos certamente faria do Brasil o grande país que é. 

Ponham a mão no peito e cantem o hino nacional comigo: “ouviram do Ipiranga...”

José Vicente
Para quem quiser se informar mais sobre a nova lei foi criado o site www.leiantifumo.sp.gov.br



José Vicente e colunista eventual deste blog

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